domingo, 11 de dezembro de 2011

Baruch você tinha razão

Spinoza: "Na natureza nada é contigente, mas todas as coisas são determinadas pela necessidade da natureza divina de existir e agir de uma certa maneira/ "In nature there is nothing contingent, but all things are determined from the necessity of the divine nature to exist and act in a certain manner."

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A contemporânea mostra que...


Tanto Frege como Wittgenstein faziam uma distinção profunda entre filosofia e psicologia. Para Frege, a lógica, que estava no coração da filosofia, era uma ciência a priori muito diferente de uma ciência empírica como a psicologia; para Wittgenstein, a filosofia diferia da psicologia porque não era de maneira alguma um tipo de ciência, fosse ela empírica ou a priori. Os filósofos de Oxford dos anos 50 seguiram Wittgenstein neste aspecto; e os seus colegas psicólogos, muito mais interessados nessa altura no comportamento dos animais do que na linguagem humana, tinham todo o gosto em concordar que um hiato profundo separava as duas disciplinas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Does consciousness exist?

Chegou o momento em que a noção de consciência foi sendo, gradativamente, afastada do campo psicológico. Esta depreciação da consciência no domínio da psicologia tem início com o funcionalismo de William James. Em 1904, no primeiro número do Journal of Philosophy, Psychology and  Scientific Method, ele publica o polêmico artigo A consciência existe? ( Does consciousness exist? ) em que afirma:

"Creio que uma vez evaporada e reduzida a este estado de pureza diáfana, a consciência está bem perto de desaparecer por inteiro. Ela se torna um nome de um não-ser e não tem direito a um lugar entre os princípios primeiros. Aqueles que teimam em aferrar-se a ela, prendem-se a um simples eco, ao vão ruído que deixou atrás dela, na atmosfera filosófica, a alma em vias de desaparecer [...]. De uma vez por todas, parece-me que chegou a hora de descartar a consciência de maneira aberta e universal ( James, 1977 [1904], p.169).

Trecho extraído do artigo de Carlos Diógenes Cortes Tourinho na revista Episteme, Porto Alegre, n.12 intitulado "As controvérsias entre dualistas e materialistas na filosofia da mente contemporânea."

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O que é a filosofia segundo Deleuze

O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos.
O amigo seria o amigo de suas próprias criações? Ou então é o ato do conceito que remete à potência do
amigo, na unidade do criador e de seu duplo? Criar conceitos sempre novos é o objeto da filosofia. É porque o conceito deve ser criado que ele remete ao filósofo como àquele que o tem em potência, ou que tem sua potência e sua competência. Não se pode objetar que a criação se diz antes do sensível e das artes, já que a arte faz existir entidades espirituais, e já que os conceitos filosóficos são também sensibilia. Para falar a verdade, as ciências, as artes, as filosofias são igualmente criadoras, mesmo se compete apenas à filosofia criar conceitos no sentido estrito. Os conceitos não nos esperam inteiramente feitos, como corpos celestes. Não há céu para os conceitos. Eles devem ser inventados, fabricados ou antes criados, e não seriam nada sem a assinatura daqueles que os criam. Nietzsche determinou a tarefa da filosofia quando escreveu: "os filósofos não devem mais contentar-se em aceitar os conceitos que lhes são dados, para somente limpá-los e fazê-los reluzir, mas é necessário que eles comecem por fabricá-los, criá-los, afirmá-los, persuadindo os homens a utilizá-los. Até o presente momento, tudo somado, cada um tinha confiança em seus conceitos, como num dote miraculoso vindo de algum mundo igualmente miraculoso", mas é necessário substituir a confiança pela desconfiança, e é dos conceitos que o filósofo deve desconfiar mais, desde que ele mesmo não os criou (Platão sabia isso bem, apesar de ter ensinado o contrário...) Platão dizia que é necessário contemplar as Idéias, mas tinha sido necessário, antes, que ele criasse o conceito de Idéia. Que valeria um filósofo do qual se pudesse dizer: ele não criou um conceito, ele não criou seus conceitos?
Vemos ao menos o que a filosofia não é: ela não é contemplação, nem reflexão, nem comunicação, mesmo se ela pôde acreditar ser ora uma, ora outra coisa, em razão da capacidade que toda disciplina tem de engendrar suas próprias ilusões, e de se esconder atrás de uma névoa que ela emite especialmente. Ela
não é contemplação, pois as contemplações são as coisas elas mesmas enquanto vistas na criação de seus
próprios conceitos. Ela não é reflexão, porque ninguém precisa de filosofia para refletir sobre o que quer que
seja: acredita-se dar muito à filosofia fazendo dela a arte da reflexão, mas retira-se tudo dela, pois os
matemáticos como tais não esperaram jamais os filósofos para refletir sobre a matemática, nem os artistas
sobre a pintura ou a música; dizer que eles se tornam então filósofos é uma brincadeira de mau gosto, já que
sua reflexão pertence a sua criação respectiva. E a filosofia não encontra nenhum refúgio último na
comunicação, que não trabalha em potência a não ser de opiniões, para criar o "consenso" e não o conceito.
A idéia de uma conversação democrática ocidental entre amigos não produziu nunca o menor conceito; ela
vem talvez dos gregos, mas estes dela desconfiavam de tal maneira, e a faziam sofrer um tratamento tão rude, que o conceito era antes como o pássaro-solilóquio-irônico que sobrevoava o campo de batalha das opiniões rivais aniquiladas (os convidados bêbados do banquete). A filosofia não contempla, não reflete, não
comunica, se bem que ela tenha de criar conceitos para estas ações ou paixões. A contemplação, a reflexão,
a comunicação não são disciplinas, mas máquinas de constituir Universais em todas as disciplinas. Os
Universais de contemplação, e em seguida de reflexão, são como duas ilusões que a filosofia já percorreu em seu sonho de dominar as outras disciplinas (idealismo objetivo e idealismo subjetivo), e a filosofia não se
engrandece mais apresentando-se como uma nova Atenas e se desviando sobre Universais da comunicação
que forneceriam as regras de um domínio imaginário dos mercados e da mídia (idealismo inter-subjetivo).
Toda criação é singular, e o conceito como criação propriamente filosófica é sempre uma singularidade. O
primeiro princípio da filosofia é que os Universais não explicam nada, eles próprios devem ser explicados.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Psykhé

Se a sede da cognoscibilidade está na psykhé, então ela é condição da inteligibilidade de todas as coisas. Ao aventar o “antigo logos”das seitas de mistério, Platão promove uma racionalização e uma nova significação nas noções de iniciação e purificação. O verdadeiro iniciado não é mais o antigo mestre de sabedoria, mas o filósofo cujo “exercício de morte”, meleté thânatou, consiste em estabelecer o primado da reflexão pura sobre o conhecimento sensível.


( Trecho extraído do artigo INTELIGÊNCIA E PSYKHÉ: A EPISTEMOLOGIA DE PLATÃO )


Rúbens Garcia Nunes Sobrinho / professor do curso de Filosofia da UFU

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ética e pragmatismo

Karl O. Apel - Isso me lembra a eterna questão de Dostoiévski: "Se a alma é mortal e Deus não existe, tudo é permitido". Em outras palavras, por que devo ser moral?

http://www.uapi.ufpi.br/filosofia/arquivos/file/Apel%20-%20Contra%20o%20relativismo%20(entrevista).pdf