quarta-feira, 12 de maio de 2010

A linguagem

"Que a linguagem seja para o pensamento o que o corpo é para a alma, como o quer Descartes, as palavras ainda são, essencialmente, instrumentos do conhecimento. Os instrumentos são, muitas vezes, pesados, e o peso das palavras, da carne do pensamento, pode também tornar-se um obstáculo: as palavras podem "parar o espírito", os termos da "linguagem ordinária" são, muitas vezes, ocasião para erros, como quando "dizemos que vemos a própria cera". Mas, mesmo pertencendo à natureza do corpo e da imaginação, mesmo fazendo obstáculo à lucidez do entendimento, a linguagem nunca é impura em si e pode sempre apagar-se para dar lugar à evidência do pensamento."

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Na perspectiva do filósofo David Hume, a questão geral sobre a existência de Deus, juntamente com todas as outras questões metafísicas últimas desse tipo, é impossível de ser decidida, já que ela diz respeito a algo que está totalmente fora do alcance do entendimento humano. É por isso que sua oposição ao ateísmo dogmático não é menos enfática do que sua oposição às afirmações dogmáticas da existência de Deus. Hume assume uma postura agnóstica nestas questões religiosas.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Maiêutica socrática

"A maiêutica socrática ocupa até hoje um lugar incontestável na reflexão filosófica sobre métodos de ensino, uma vez que responde, de uma perspectiva platônica e mesmo neoplatônica, ao paradoxo do conhecimento colocado pelos sofistas : como é possível conhecermos algo do qual não sabemos nada? Para esses professores itinerantes, não haveria um conhecimento absoluto a ser transmitido, todo o saber possível se reduz a meras opiniões refutáveis por hábeis argumentos."

 www.ufpel.tche.br/gt17/GT173043.doc

sábado, 16 de janeiro de 2010

O grande mal que assola a humanidade: a Hipocrisia




A Hipocrisia do Ser


Para que servem esses píncaros elevados da filosofia, em cima dos quais nenhum ser humano se pode colocar, e essas regras que excedem a nossa prática e as nossas forças? Vejo frequentes vezes proporem-nos modelos de vida que nem quem os propõe nem os seus auditores têm alguma esperança de seguir ou, o que é pior, desejo de o fazer. Da mesma folha de papel onde acabou de escrever uma sentença de condenação de um adultério, o juiz rasga um pedaço para enviar um bilhetinho amoroso à mulher de um colega. Aquela com quem acabais de ilicitamente dar uma cambalhota, pouco depois e na vossa própria presença, bradará contra uma similar transgressão de uma sua amiga com mais severidade que o faria Pórcia.



E há quem condene homens à morte por crimes que nem sequer considera transgressões. Quando jovem, vi um gentil-homem apresentar ao povo, com uma mão, versos de notável beleza e licenciosidade, e com outra, a mais belicosa reforma teológica de que o mundo, de há muito àquela parte, teve notícia.


Assim vão os homens. Deixa-se que as leis e os preceitos sigam o seu caminho: nós tomamos outro, não só por desregramento de costumes, mas também frequentemente por termos opiniões e juízos que lhes são contrários.





Michel de Montaigne, in 'Ensaios - Da Vaidade'

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Filosofia é a minha religião.

O fundamento de toda e qualquer religião é a fé.

Eu tenho fé na Filosofia.

A desconstrução religiosa



"Para reconciliar com a religião esta contradição da prática, esta APOSTASIA da religião, para a dissimular, recorre-se à tradição ou à modificação do antigo livro da lei. Assim os judeus. Os cristãos conseguem dar às suas escrituras sagradas um sentido radicalmente contraposto a esses textos."


Princípios da filosofia do futuro de Ludwig Feuerbach

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O problema fundamental da filosofia


Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, aparece em seguida. São simples jogos. É preciso,antes de tudo, responder. E se é verdade, como pretende Nietzsche, que um filósofo, para ser confiável, deve pregar com o exemplo, percebe-se a importância dessa resposta, já que ela vai preceder o gesto definitivo. Estão aí as evidências que são sensíveis para o coração, mas é preciso aprofundar para torná-las claras à inteligência. Se me pergunto em que julgar se uma questão é mais urgente do que outra, respondo que é com ações a que ela induz. Eu nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico.Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade desse mundo quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade não valia a fogueira. Se é a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante.

Resumindo as coisas, é um problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outras que paradoxalmente se fazem matar pelas idéias ou as ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão para morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso?


(Albert Camus)